
A indústria da construção representa 13% do PIB Global de acordo com a Global Construction Perspectives and Oxford Economics. Atender as expectativas dos consumidores e gerenciar projetos cada vez mais customizados é um exemplo das preocupações que os líderes da engenharia e construção civil vem enfrentando.
De fato, o segmento possui desafios peculiares ao seu modelo, como burocracia para venda, financiamento e uma cadeia de suprimentos muito fragmentada, que às vezes são conflitantes e tornam-se obstáculos peculiares.
Segundo o índice de digitalização da McKinsey Global Institute (MGI), apesar da indústria da construção civil buscar se remodelar na Era Digital ainda é um dos setores menos digitalizado do mundo.
A pressão por resultados na Era Digital leva os líderes a ficaram confusos e hesitantes sobre como fazer as mudanças necessárias para adotar novas tecnologias. Isso dificulta o desenvolvimento claro de uma estratégia digital real.
Fato que fica nítido quando encontramos poucas empresas de engenharia e construção civil que conseguiram ir além de projetos de digitalização isolados e desbloquear o verdadeiro valor da transformação digital.
Como resultado, a produtividade do setor está diminuindo mesmo com a demanda sempre crescente de moradias em comparação com outras indústrias que transformaram por meio de tecnologia radicalmente seus processos.
A estagnação pode ser fundamentada pelo motivo do setor continuar a usar muitos métodos que foram implantados no século XIX e assim e só se concentraram em fazer melhorias incrementais.
Pesquisa apontam que 70% das empresas de construção dedicaram 1% ou menos de sua receita para tecnologia. Os gastos com P&D também são de 3,5 a 4,5 vezes menor que em setores como automotivo e aeroespacial.
O impacto dessa defasagem acaba sendo evidente e mesmo com a queda dos preços das commodities, o preço final da construção vem subindo.
Globalmente, o crescimento da produtividade da mão de obra na construção civil foi em média de apenas 1% ao ano nas últimas duas décadas, em comparação com o crescimento de 2,8% na economia mundial total e 3,6% no caso da manufatura. Por que a construção está presa na Era Analógica e não ultrapassa o limite da digitalização de processos?
O Relatório do Estudo e Pesquisa Executivos Globais do Futuro da Liderança de 2020, aponta que:
- 82% dos executivos acreditam que os líderes da nova economia precisarão ter conhecimento digital, porém menos de 10% concordam firmemente que suas organizações têm líderes com as habilidades certas para prosperar na economia digital.
Somamos a esse cenário o fato que os projetos de construção típico ocorrem em canteiro de obras que são severos para utilizar hardware e software.
Além de envolver uma infinidade de subcontratados e fornecedores independentes, que têm pouco incentivo para adotar novos métodos durante os curtos períodos que atuam nos projetos. Não é de admirar que muitos líderes acabam não compreendendo como é importante investir em tecnologia.
Para navegar na Era Digital neste cenário e construir vantagem distintivas, os líderes das empresas de construção precisam adotar uma estratégia que, além de investir em novas tecnologias para otimizar e reduzir custos dos projetos, impacte na reciclagem e desenvolvimento de talentos com as habilidades necessárias para a economia digital.
O que justamente limita os resultados da transformação digital na engenharia e construção civil é que a maior parte das empresas se concentram apenas em adoção de novas tecnologias e recursos digitais. Mas, é preciso dar a devida atenção a integração sistêmica dos funcionários e clientes para obter o máximo de retorno através do uso eficaz. A transformação digital pode significar coisas diferentes para diferentes partes interessadas. É fundamental começar pela definição da visão digital.
Ao desenvolver essa visão digital compartilhada, os líderes de engenharia e construção precisam reconhecer que a transformação digital é mais do que simplesmente adotar soluções tecnológicas.
Muitos funcionários ficam presos a Era Analógica e resistentes às mudanças necessárias devido a falta de uma comunicação eficaz através de seus líderes diretos. Isso gera desconfiança e medo de que a utilização de tecnologias irá comprometer o futuro de seus lugares de trabalho.
Obter a adesão de todas as partes impactadas e envolvê-las ao longo da jornada da transformação digital é essencial para construir um futuro sustentável para a empresa na era digital.
O sucesso de uma transformação dependerá muito de quão bem uma empresa institui as novas maneiras de trabalhar do que as tecnologias permitem.
A barreira entre a Era Analógica e a Digital é compreender que a transformação digital envolve mudança sobre o modelo de negócios e formas de aprimorar a execução dos projetos, capacitando e integrando as pessoas as novas tecnologias.
Saber lidar com essa barreira mostra o nível de maturidade digital da organização, usar tecnologias como BIM (Building Information Modelling) e Chatbots não é garantia de uma alta maturidade digital corporativa.
Muitas vezes é apenas um sinal de que a empresa está digitalizando processos para ser mais eficiente, dentro do mesmo modelo de negócio de todos os seus demais concorrentes.
Antes de se lançar numa jornada desse tipo, é importante que as construtoras conheçam seu real nível de maturidade digital corporativo – estratégico, cultural e tecnológico.
Muitas vezes a impressão que os CEOs e seus diretores possuem é completamente diferente daquela visualizada pelo pessoal de campo. Tipicamente eu encontro muitos CEOs e líderes prontos para reagirem a pressão do resultado por meio de novas tecnologias e não no desenvolvimento do mindset das pessoas de suas empresas para nova realidade do mundo digital. (Leia mais no Darwinismo Digital e Transformação Digital na era AC/DC.)
75% dos executivos e 37% dos funcionários afirmam que há uma cultura de inovação, experimentação e risco nas empresas que trabalham – Capgemini
Como impulsionar Revolução digital na Construção
A transformação digital vai muito além da digitalização de funções analógicas. O objetivo é estimular e permitir uma mudança fundamental na forma como uma empresa opera, para que possa competir no mundo digital.
Usar as palavras digital, inovação e transformação na mesma frase sem entender como orquestrar uma transformação, gera frequentemente um esforço doloroso, caro e desmotivador a todos os envolvidos – (Leia mais no artigo Mente sã, Corpo são. Isso é Transformação Digital!)
Nos projetos que atuo preparamos os líderes e as empresas para compreender e estruturar a transformação digital através de três principais áreas: a transformação do negócios que permite o crescimento, a transformação dos processos, a eficiência e a lucratividade e a transformação tecnológica que aumenta a segurança e facilita a escalabilidade perante as necessidades do negócio.
Ao analisarmos as empresas de construção que tiveram sucesso na jornada da transformação digital, descobrimos que apesar das condições diferentes elas adotaram cinco pilares em comum, dos quais você como líder pode usar como marco zero para iniciar suas transformações e acelerar os resultados.
- Foco na correção de pontos problemáticos dos processos, não na implementação de soluções de TI
- Conexão de projetos entre toda empresa para desbloquear os impactos
- Requalificar e reestruturar equipes de engenharia e backoffice
- Implementar atividades que promovam a colaboração por meios digitais
- Ajustar etapas dos projetos para capturar o máximo do valor pelo uso de tecnologias
Mesmo com a compreensão desses pilares, para que uma transformação digital seja bem-sucedida, os líderes devem ocupassem em criar uma definição clara de como os recursos digitais criarão valor sustentável para os negócios.
Essa é a pedra fundamental negligenciada pela maioria e poucos são aqueles que investem o tempo que for necessário para implementar essa visão por meio de mudanças operacionais, do que gastam em tecnologia.
Uma pesquisa do McKinsey Global Institute indica que a transformação digital pode resultar em ganhos de produtividade de 14 a 15% e reduções de custo de 4 a 6%.
Transformação dos negócios não é apenas uma questão de criar uma estratégia e lançar uma série de projetos de TI (leia mais no artigo – Transformação “Digital” não é “Rocket Science”)
A jornada da transformação digital empresas de Engenharia e Construção Civil, exige que os líderes conheçam e admitam o nível de maturidade digital de sua empresa. Possibilitando elaborar uma Visão Digital de como a empresa será daqui 5 ou 7 anos no futuro. Além de qual será o seu modelo de negócio, que segmentos de clientes estará atendendo e como usará todas as tecnologias digitais disponíveis para construir o caminho para tal sucesso.
Enfim, é essencial que os líderes, executivos e empreiteiros de engenharia e construção reimaginem e reconectem com a nova realidade da Era Digital. A Liderança, Comunicação e Cultura são os fatores críticos de sucesso para a jornada de Transformação Digital e, sem esses elementos, não haverá transformação.

Américo Roque
Founder ATLAS Results| Digital Business Transformation Advisor| Digital Leadership Mentor| CDO on Demand| COO,A.Pangea
Com uma ampla experiência em vendas de produtos e serviços na América Latina e Europa, acumulada através de uma trajetória de mais de 20 anos no mundo corporativo, em grandes corporações como ABB, ALSTOM e AREVA . Como Head da ATLAS Results, facilita através de metodologia, processos e tecnologia a simplificar uma estratégia de crescimento focada em usar os pontos fortes de liderança, ajudando lideres gerar mais lucro através da conexão com seus clientes ideais, enquanto desenvolvem pessoas excepcionais para garantir o crescimento e expansão do seu negócio na era digital.